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Seja cristão ou não, o presidente, governador ou outra autoridade política tem chamado de Deus para cumprir sua obrigação de castigar os maus e elogiar os bons. Nem mais, nem menos.
Assim, o governo terá tempo para se ocupar exclusivamente com sua missão de dar segurança à população. Por sua vez, tendo mais segurança e tendo muito menos de seu dinheiro desperdiçado no pagamento de impostos, a população terá muito mais liberdade para procurar ou estabelecer os serviços que lhe são essenciais, como saúde, educação, etc
Julio Severo (Adaptado a realidade Afro-Angolana por: Jose Santana: www.aguaviva.biz)
O Cristianismo deve ser estendido a toda a sociedade. Para essa finalidade, existe a evangelização, onde o Senhor Jesus Cristo comissionou seus discípulos a ir a todo o mundo e pregar o Evangelho a todas as pessoas. Nada e ninguém deve ficar de fora da influência do Evangelho.
No começo, o método exclusivo de evangelização usado era simplesmente a pregação do Evangelho, por meio dos líderes e do testemunho pessoal dos membros comuns. Desse jeito, a mensagem sobre o ministério, vida, morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo experimentou uma propagação extraordinária na sociedade, atingindo até mesmo as autoridades — sempre porém com muitas perseguições. A expansão do Cristianismo ocorreu basicamente por causa dessas perseguições. O crescimento do Evangelho foi regado com o sangue dos mártires.
Já bem estabelecido em muitos setores da sociedade do Império Romano, o imperador Constantino, depois de se converter, teve a iniciativa de oferecer privilégios e favores especiais a todos os cidadãos romanos que resolvessem se converter para o Cristianismo. Por mais boa intenção que ele tivesse, a obra da conversão pertence exclusivamente ao Espírito Santo, com a colaboração dos cristãos, que têm a missão de dar bom testemunho a fim de atrair os descrentes à esfera do Evangelho.
O que aconteceu foi que as igrejas cristãs começaram a se paganizar, pois os pagãos passaram a ser cristãos, por causa dos favorecimentos dados para quem se convertesse, e trouxeram consigo suas práticas pagãs. Assim, a tentativa de utilizar o governo para empurrar as pessoas para se converter foi um fracasso, pois o governo é incapaz de cumprir o que não tem chamado para cumprir.
Com essa experiência política dos cristãos romanos, aprendemos que o governo não pode e não tem chamada nenhuma para ocupar o lugar da Igreja do Senhor Jesus Cristo na sua missão de evangelizar.
Então, com esses erros do passado, os cristãos hoje aprenderam a lidar de modo correto com as questões políticas? No que se refere à evangelização, a lição parece que foi realmente aprendida.
No entanto, os erros de hoje não são iguais aos erros do passado. Enquanto no passado, cristãos bem intencionados tentaram atribuir ao governo a função de evangelização, que pertence exclusivamente à Igreja do Senhor Jesus Cristo, os cristãos bem intencionados de hoje tentam atribuir ao governo algumas funções da família e da Igreja do Senhor Jesus Cristo.
Esses cristãos acham que o governo tem a função de:
Reabilitar criminosos (função exclusiva do Senhor Jesus Cristo, através da Sua Igreja).
Alimentar os pobres (função de cada pessoa de acordo com sua própria consciência e liberdade moral).
Dar saúde a todos (função em parte de cada pessoa e também da Igreja do Senhor Jesus Cristo).
Dar educação (função da família e também da Igreja do Senhor Jesus Cristo).
Redistribuir renda. (Nem mesmo a Igreja do Senhor Jesus Cristo tem essa função, pois todos os ricos são chamados, de acordo com sua consciência e liberdade moral, de ajudar os necessitados. Assim como o governo não pode obrigar as pessoas a se converter, também não pode obrigá-las a ajudar os outros, mediante cobrança forçada de impostos pesados e iníquos.)
Assim como o erro do passado, esse erro também tem como causa as boas intenções de alguns cristãos. Assim como no passado, esses cristãos querem que o governo ocupe funções que Deus jamais lhe deu, de modo que não foi de estranhar que o Império Romano tenha fracassado em seus esforços humanos de converter os cidadãos pagãos e de modo que não será de admirar que o governo de hoje experimente igual fracasso em suas tentativas de usurpar o chamado das famílias e da Igreja do Senhor Jesus Cristo. Não é preciso entrar em detalhes para explicar qual é a chamada do Cristão na sociedade. Sua missão é permitir que o Espírito Santo o use continuamente para pregar a Palavra de Deus a todos os pecadores.
Onde há perdição, ele leva a luz do Evangelho, como Jesus ensinou.
Onde há doenças, ele ministra aos doentes, como Jesus ensinou.
Onde há necessidades materiais, ele pratica e ensina o amor ao próximo, como Jesus ensinou.
Entretanto, qual é o papel do governo e, de modo particular, qual deve ser o papel do cristão na política?
A Bíblia ensina que a função do governo e seus governantes é serem servos de Deus. O que é então o governo ser servo de Deus? Pregar o Evangelho? Alimentar os pobres? Cuidar dos doentes? Reabilitar os criminosos? Educar as crianças?
“Pois [a autoridade política] é serva de Deus para o seu bem. Mas se você praticar o mal, tenha medo, pois ela não porta(usa) a espada sem motivo. É serva de Deus, agente da justiça para punir quem pratica o mal”. (Romanos 13:4 NVI, o destaque é meu.)
Ser servo de Deus é o governo fazer a vontade de Deus se ocupando com a função que Deus lhe deu. Parece que bem poucos cristãos sabem ou lembram que Deus já estabeleceu uma função para o governo.
Seja cristão ou não, o presidente, governador ou outra autoridade política tem chamado de Deus para cumprir sua obrigação de castigar os maus e elogiar os bons. Nem mais, nem menos.
“Somente os que fazem o mal devem ter medo dos governantes, e não os que fazem o bem. Se você não quiser ter medo das autoridades, então faça o que é bom, e elas o elogiarão.” (Romanos 13:3 NTLH)
Cumprindo tal função, o governo não precisará mais se intrometer em áreas que não lhe competem e áreas em que seu fracasso é mais que evidente, como educação, saúde, etc. Cessando tal intromissão, o governo deverá parar de cobrar incessantes, pesados e abusivos impostos com o suposto objetivo de investir na saúde, educação, etc., livrando os trabalhadores da escravidão como financiadores involuntários de todo tipo de programa governamental social absurdo.
Assim, o governo terá tempo para se ocupar exclusivamente com sua missão de dar segurança à população. Por sua vez, tendo mais segurança e tendo muito menos de seu dinheiro desperdiçado no pagamento de impostos, a população terá muito mais liberdade para procurar ou estabelecer os serviços que lhe são essenciais, como saúde, educação, etc.
Quando o governo se envolve em funções que não lhe competem, o resultado é insegurança: os maus não são castigados e os bons cidadãos não são elogiados. Em casos extremos, o governo castiga os bons cidadãos e elogia os maus! Não muito diferente do que ocorre na Africa (Angola) de hoje, onde certos indivíduos que promovem o “direito” ao aborto, ao homossexualismo e a outros males são elogiados, enquanto os bons cidadãos que se manifestam contra essas práticas nocivas são tratados como preconceituosos e até pior.
Enquanto os maus são elogiados por promoverem o homossexualismo e camisinhas nas escolas, famílias inocentes são impedidas de exercer seu direito de deixar de mandar seus filhos ao péssimo ambiente escolar que o governo está proporcionando às crianças. Essas famílias são perseguidas por optarem pela educação escolar em casa.
Entretanto, os problemas não param por aí. Enquanto um numero incalculavel pessoas são assassinadas por ano em Angola, o governo se prepara para punir severamente — não os criminosos e assassinos, mas as famílias que prosseguirem na milenar prática da disciplina física nos filhos. O clima é de muita insegurança e caos. Mas o governo tentará mostrar que está trabalhando. Se não puder perseguir e punir os verdadeiros criminosos, o governo simplesmente, por suas próprias leis absurdas, transformará em criminoso toda mãe ou pai disciplinador ou todo cidadão bom que ousar se opor aos programas governamentais de favorecimento ao homossexualismo e outros pecados.
Se os Cristãos não ajudarem o governo a cumprir sua missão, inevitavelmente o governo tentará impedir os cristãos de cumprirem sua própria missão. Caso um governo, por causa de sua confusão moral, tenha se esquecido ou nem mesmo saiba mais seu dever natural, os bons cidadãos devem lembrar aos governantes sua responsabilidade de:
(1) castigar, punir, penalizar e fortemente desencorajar os assassinos, os ladrões, os estupradores, os adúlteros, os pedófilos, os seqüestradores, os abortistas e outros maus.
(2) elogiar os bons que se opõem a esses males e ajudam os pobres, os órfãos, as vítimas de violência sexual, os oprimidos pelo homossexualismo, etc.
Portanto, os cristãos devem cuidar da evangelização, cada família deve cuidar de suas necessidades de saúde e educação e o governo deve ter como missão exclusiva o único chamado que Deus lhe deu: castigar os maus e elogiar os bons. Que os cristãos na política então se lembrem de deixar o governo ser apenas um bom servo de Deus na sua própria esfera, para a segurança de toda a população.
(Adaptado a realidade Afro-Angolana por: Jose Santana: www.aguaviva.biz)
Uma versão deste artigo, com o título “A função do Estado”, também escrito por Julio Severo, saiu na revista Evangelizar, edição nº 6 (maio/junho de 2006), publicada pela AMME